sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os pajés-cantores da floresta

Cerimônias de Pajelança do Povo Hunikuin do Estado do Acre vêm sendo apresentadas como celebrações da cultura ameríndia da floresta amazônica em diversas partes do mundo nos últimos anos: França, Holanda, Espanha e Suécia já receberam pajés dedicados à valorização e preservação dessa etnia. Foram eles os mesmos “kaxinawás” (nome que a sociedade brasileira dá ao povo hunikuin) que serviram de matéria para a primeira obra da etnografia nacional, no Rio de Janeiro da Belle Époque, por mãos do sábio cearense Capistrano de Abreu, cem anos atrás. A luta política pelos direitos da terra, tanto no Purus como no Tarayá-Jordão, expressou-se a partir de 1988 quando da Aliança dos Povos da Floresta, assinada em Rio Branco, Acre, como de relevância internacional, o que deu à nação hunikuin oportunidade de qualificações em educação indígena diferenciada, técnica agroflorestal e enfermagem a benefício do conjunto da vida comunitária. O mesmo quanto ao estudo dos saberes de suas tradições, através do engajamento contínuo de jovens pajés, como exemplo do orgulho e zelo dos “kaxinawás” por suas etnociências. Por meio da evocação dos seres de força da floresta, a comunhão do nixipae-ayahuasca está no âmago da sua atividade espiritual ampliando a consciência étnica e ambiental desse povo original do grande tronco linguístico chamado “Pano”, nas fronteiras da Amazônia peruana e brasileira.



Em visita a Belo Horizonte, a convite da universidade federal, uma comitiva hunikuin apresentou-se no Centro Yachak, dirigido por Ricardo Villanueva, onde conheceram um cacique pataxó de Coroa Vermelha, Bahia, que fez o convite da visita dos pajés hunikuins. A apresentação da Pajelança da Floresta no Parque Nacional de Monte Pascoal, durante celebrações da Entrada da Primavera de 2010, será marco também do lançamento da ABRASET – Associação Brasileira de Etnoturismo.

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